Empresas devem se modernizar para atuar no mercado com os diversos meios de pagamento existentes, diz presidente da ANSEGTV


Com maior ou menor circulação, o dinheiro físico nunca acabará e seguirá importante para a população. A definição é do presidente da ANSEGTV (Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores), Gabriel Damasceno, sobre o atual momento do setor de segurança e transporte de valores.

Gabriel reconhece que a adesão aos meios eletrônicos de pagamento influenciou nas atividades dos associados, mas que o segmento vem sabendo se adaptar à nova realidade do mercado. Leia a entrevista a seguir:

- Quais são os desafios mais significativos enfrentados pelas empresas de vigilância e transporte de valores atualmente?
Obviamente, os meios eletrônicos de pagamento provocaram uma queda na circulação de numerário. Houve um aumento da atividade durante a pandemia, principalmente com os pagamentos dos auxílios emergenciais. Mas essa fase passou. As empresas, no entanto, vêm sabendo se adequar ao novo momento. Cresceu o investimento em novos produtos, em qualificação, logística e na diversificação de serviços.

-Como as empresas do setor estão incorporando inovações tecnológicas em suas operações?
Isso passa um pouco pela questão anterior. A tecnologia tem uma presença constante no dia a dia, na busca por eficiência, maior fluidez nas operações, pela automação. Os carros-fortes elétricos, por exemplo, já começam a ser uma realidade. Tudo isso para oferecer um serviço melhor aos clientes e à população. O que não significa a substituição do trabalho humano. São funções complementares.

Presidente da ANSEGTV - Gabriel Damasceno

-Como vem sendo o trabalho de identificação e combate à lavagem de dinheiro?
As empresas de transporte de valores devem cumprir a Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e a norma da Polícia Federal que trata do tema. Sistemas já conseguem gerar alertas e procedimentos para análise das movimentações de numerário que possam apresentar alguma suspeita de irregularidade. Além disso, a preocupação já começa antes de iniciar um serviço para um novo cliente, fazendo um trabalho de verificação de quem é esse parceiro e que tipo de negócio ele exerce. Nos contratos comerciais, é preciso deixar claro que a empresa cumpre as normas legais do país em relação ao tema. Também é necessário um trabalho contínuo de treinamento dos funcionários, de forma que o assunto seja de conhecimento de todos e que todos possam ajudar a identificar qualquer suspeita.

-A ANSEGTV faz parte da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP). Qual a importância desse contato com autoridades e outros representantes do setor?
A CCASP é um fórum fundamental à gestão da atividade de segurança privada, pois ali são debatidos os principais temas de relevância do setor. A possibilidade de estar inserido nessas discussões proporciona a participação dos representantes do setor na sugestão de aperfeiçoamento das normas que regulamentam nossa atividade. Além disso, temos a possibilidade de tratar de assuntos que estejam causando impacto nas empresas e gerando problemas na operação. A PF tem sido bastante receptiva no acolhimento das sugestões que visam modernizar e aprimorar a segurança privada. O diálogo com órgãos reguladores e de segurança é essencial.

-Há um ano, nós falamos sobre a preocupação que o Novo Cangaço causava para o setor. Mudou algo nesse período?
A preocupação ainda existe. Os indicadores mostram uma melhora na redução dos ataques, mas eles ainda acontecem e são um risco para as instituições financeiras, empresas de transporte de valores e, principalmente, para a sociedade, que fica exposta a essa violência. Além da possibilidade de desabastecimento de dinheiro, ainda há o risco de vida, causado pela violência dos criminosos nesse tipo de crime. Há uma lacuna legislativa nesse contexto que precisa ser solucionada, para garantir que os criminosos cumpram penas adequadas ao tipo de crime que cometeram.